quinta-feira, 28 de julho de 2011

Está no ar o sexto capitulo da série A Formação do Gosto Musical, criada e cedida à Comissão do Rock pelo blogueiro Rodrigo Nogueira, do blog parceiro Sons, Filmes & Afins



Para a boa compreensão deste artigo, é imprescindível a leitura prévia dos artigos anteriores, caso ainda não tenha lido, utilize os links abaixo: 

Nos artigos anteriores, entre outras coisas, observamos que a formação do gosto musical inicia seu processo no ser humano quando ele ainda se encontra no útero de sua mãe; definimos que o gosto musical são padrões cerebrais consolidados e que, sempre que ouvimos uma música inédita, nosso cérebro procura por similaridades e, se não as encontra, a tendência é que o indivíduo a rejeite, a não ser que um dos quatro grandes formadores do gosto atuem. A atuação desses fatores pode ser individual, mas o mais comum é que atuem simultaneamente, em sequência ou de forma cíclica. Até aqui, já abordei dois deles: oCostume/Repetição e a Associação; hoje tratarei do terceiro, aquele que passa a ter atuação seletiva a partir da idade em que já podemos emitir julgamentos de forma consciente ou inconscientemente, e que a partir desta época, costuma ser o primeiro grande fator formador do gosto a exercer influência. Para facilitar nosso estudo, resolvi chama-lo de Disposição.

A Disposição Consciente

É muito comum, principalmente quando ainda somos jovens, a tal da "busca de identidade" para que tentemos alguma integração. Como essa busca está intimamente ligada a questões sócio-culturais, fatalmente a música se torna parte integrante dela. Outras questões relevantes a serem consideradas nessa busca, é a personalidade que este indivíduo já tem ou a que ele gostaria de ter. Diante disso, a pessoa terá disposição para gostar de certas músicas para ser parte integrante de um grupo social ou para corresponder às suas expectativas emocionais.

Um exemplo: para estar "por dentro", o indivíduo tem disposição de gostar das músicas que estão na moda. Se estas músicas, por acaso ainda não encontrarem padrões cerebrais, eles poderão ser criados a partir do auxílio de outros fatores formadores do gosto, como o Costume/Repetição por exemplo.

Se a pessoa tem personalidade (contrariando Jung, para mim não existe "personalidade forte", ou se tem ou não) e uma boa base cultural, ela dificilmente será manipulada por modismos ou outros fatores externos, ela terá disposição por si ou por convencimento através de bons argumentos.

A Disposição Inconsciente

Músicas que fogem dos padrões do indivíduo e as com alto grau de complexidade (o quão alto, é relativo ao nível cultural de cada um), normalmente não terão a sua disposição inconsciente, ou seja, você provavelmente não irá gostar na primeira ouvida, pois ela tenderá a ser irritante ou enfadonha. Entretanto, se a música satisfizer essas condições iniciais (fizer parte de seus padrões e/ou cultura) e não ativarem os seus preconceitos, ela encontrará sua disposição automática.


Observação importante!! - ao citar o "nível cultural" de modo algum me refiro a burrice, mas à falta de acesso. No contexto, o conceito que atribuo é que quanto maior a cultura musical da pessoa, maior o repertório de padrões cerebrais e portanto maior chance de as "novidades" serem encaixadas nestes padrões, o que aumentaria muito a Disposição em comparação com indivíduos com menos padrões.
A Falta de Disposição

Pessoas com baixo nível cultural têm a tendência a se fechar à maioria das músicas, pois para elas quase tudo é novidade; e quando esse baixo nível cultural é associado a algum preconceito, o fator Disposição fica totalmente impedido de agir e dificulta grandemente a ação inclusive dos outros grandes fatores formadores do gosto, criando uma intransponível barreira.

Outra coisa que dificulta a ação do fator Disposição é a idade. Embora varie para cada indivíduo, quanto mais avançamos em idade, menos disposição temos para coisas novas, e as causas são biológicas mesmo, pois quanto mais velhos ficamos, menor vai ficando nossa capacidade de processamento, então a tendência é que nos agarremos aos padrões cerebrais já consolidados, e aí surge a famosa frase:"Boas eram as músicas do meu tempo..." - e o preconceito:"...porque as de hoje não prestam!" Digo preconceito pois não é possível que TODAS as músicas recentes sejam ruins e mesmo que sejam, para fazer um julgamento isento, para começar, é necessária a Disposição que claramente já não há em quem emite uma frase dessas. Contudo, embora essas coisas aconteçam com bastante regularidade, de modo algum afirmarei que as pessoas presas ao passado ou restritas a apenas alguns poucos estilos musicais/artistas sejam preconceituosas ou incultas, mas acredito que para que isso não seja uma verdade, um quarto grande fator formador do gosto deva entrar nessa alquimia. Trataremos dele no próximo artigo, até lá!

Até aqui, qual sua opinião? Utilize os comentários, vamos explorar a questão!

   O AUTOR:
Rodrigo Nogueira foi professor de teoria e percepção musical, história da música e saxofone e atualmente é administrador de empresa e estudante de filosofia na USP

4 comentários:

  1. Olha, eu sei que quando somos adolescentes, o rock cai na vida da gente como as folhas caem no chão. Basta ter a mente aberta e você curti logo. Eu me apaixonei pelo rock devido a minha tia, pois como sempre me carregava com ela e escutava rock acabei por gostar, ainda bem, pqe com todo respeito ao mundo e ao meu marido forró e funk não tá rolando não.
    ps.: mudei de blog, depois me visita... beijo

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  2. Olá amigos da Comissão!

    É uma grande satisfação ter minha reflexão sobre o gosto musical publicada aqui no blog. Pena não ter gerado discussões, mas quem sabe até o final da serie elas venham, não é mesmo?

    Notei que alguns leitores julgaram péssima a serie - claro que cada um tem o direito de achar o que quiser -, o que lamento é que não foram apresentados argumentos ou explicações para essa opinião, o que poderia enriquecer muito nosso entendimento sobre o assunto.

    Abraços!

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  3. parabéns rodrigo, concordo com voce em muitos aspectos citados,
    acredito que padrões estabelecidos
    por uma sociedade mal estruturada
    pode acarretar em futuras gerações
    de embecilóides que acreditam que um Luan santana ou um Restart tem algo de produtivo para passar para os jovens, digo além da música mediocre. um abraço
    luiz_c_martin@hotmail.com

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  4. olá amigos da comissão
    concordo com vcs e acredito que o gosto musical dessa era está
    fadado a criar uma geração de imbecilóides que estão sendo criados ouvindo Luan santana, Restart, Lady Gaga e Justin Biba, preciso citar mais nomes ou já é suficiente?????

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