segunda-feira, 24 de dezembro de 2012



    “Cara, tu curte Pink Floyd?” um amigo me pergunta enquanto um copo de Vodka me descia dilatando a garganta. “Sim, curto há algum tempo” eu respondo receoso pelo apontamento que poderia sair da boca do homem. “Aff, é que eu não curto essas paradas demoradas demais, flagra?”. Neste ponto eu só pude tomar mais uma talagada bukowskiana e esperar que ele continuasse seu apontamento. “As músicas são muito grandes, não terminam nunca, nem sei para o que serve isso”.

    Não me lembro ao certo o que falei para este tipo em réplica, mas houve um encadeamento de idéias que se seguiram na minha cabeça sobre o ato de escutar uma música. Chego a uma conclusão. A grosso modo, existe o formato de música feito para quem apenas ouve música, e existe um formato de música feito para quem estuda música. O resto são apenas desdobramentos dessas duas categorias. Para corroborar com isso deixo um exemplo. Ora, qual dos dois tipos apresentados, as improvisações do jazz e do rock progressivo agradariam?

    Muitas notas e estruturas complexas de tempo e escalas exóticas agradam apenas ao ouvido atento que, mesmo de forma descompromissada, estuda de fato o que o autor da obra propõe. A outra parte quer apenas aquele riff mela calcinha que faz bater mais forte o coração. Nada contra, afinal, gosto dessas sensações sim, porém não abro mão de um trabalho melhor elaborado. Acontece que em um vacilo desses, eu encontro este rapaz que citeis suas colocações no inicio, que é daqueles maganões que conseguem ouvir apenas uma ou duas músicas de um álbum e logo já pula pra outra playlist, sem dar atenção alguma aos trabalhos. É o tipo de pessoas que busca apenas essas músicas que batem de primeira, com um refrão meloso e batido.

     Muitas calcinhas foram meladas com este aqui!
    
     “Pelo menos não sou desses que ouve ‘wish you were here’, ‘if’ e alguma dessas mais fáceis de digerir e já saio comprando uma camisa do Pink Floyd” este jovem me disse. Porra! Senti orgulho dessa colocação. Como eu disse dos dois formatos apresentados é que se dá um imenso desdobramento de tipos de ouvintes e um deles é o incauto que sofre de paixão platônica pela banda, ou pela imagem dela, melhor dizendo, que quase sempre acabam vestindo a camisa de uma causa inexistente. Vide os diversos movimentos pacholas que surgiram no mundo do rock como o punk e seu anarquismo com seus diversos fãs estereotipados. O gótico, em que os fãs vivem fazendo malabarismos ideológicos para justificarem a proposta do movimento, que é NENHUMA. E uma infinidade de outras sandices.

    As festividades natalinas e os percalços familiares que surgem nessa época fizeram com que eu atrasasse o post de hoje, porém ele está entregue e oferece a você, não a verdade absoluta, mas um ponto de vista com o qual você pode entrar em reflexão para o ano novo.

    Boas Festas.

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