"Lollapalooza aconteceu em um brejo é? Quanto tú pagou nisso?"
Por falar demais, as vezes alguma
asneira sai da nossa boca, e nem ao menos nos damos conta. Eu já não
sei se o inverno do meu tempo chegou precocemente e eu venho me
tornando cada vez mais ranzinza, ou se de fato grandes eventos no
Brasil são uma grande furada.
Lollapalooza se foi e os incautos
jovens padawans (fãs) aguardam agora pelo Rock in Rio. É nesse
momento que eu percebo que não ir ao evento me fará mais bem que
mal, mesmo com o Black Sabbath, Slayer, e uma penca de outras bandas
da qual eu admiro o trabalho confirmados. E porque? Simplesmente pelo
fato de eu não querer assistir show pelo telão. Se assim for, minha
casa é muito mais confortável, e não estarei sujeito a roubo,
empurra-empurra, e fãs retardados. E eu posso falar com a reputação
de alguém que já comprou o “rock in rio card” meia entrada nos
idos de 2011, e preferiu perder o dinheiro a ir ao evento. Sim, eu
fiz isso mesmo!
"-Mestre, mal posso esperar pelo Rock in Rio depois dessa bosta de Lolla!
-Acalme-se jovem padawan. Vai ser a mesma MERDA!"
A decisão surgiu quando comecei a
comparar antigos grandes eventos que já aconteceram com os atuais, e
me parece que nenhuma foge do padrão. Filas imensa pra se fazer
qualquer tipo de coisa. Tem fila até pra espirrar. Arrastões.
Cerveja quente, comida não identificável. Além do fato de você
estar cercado por milhares de pessoas longe de civilizadas. E o pior
embuste de todos, que é se utilizar do nome das boas bandas que
fazem boas apresentações para dizer que o evento foi bem
organizado. Não. Ainda prefiro o sofá de casa. Megaeventos, pelo
menos aqui no Brasil, ainda não funcionam.
Posso estar sendo muito exigente,
porém, nada melhor que observar de perto os dedos de seus ídolos
percorrendo o braço da guitarra. Ver de perto cada toque da baqueta
na pele dos tons, caixa e pratos de uma bateria. Aqueles perdigotos
sutis do vocalista que sem querer vem na sua cara. E eu não estou
falando de showzinho de bandinha cover.
É nesse momento que vocês me
perguntariam: “Poxa. Então quando é que você terá a
oportunidade de... sei lá... ver Metallica tão perto assim como
você disse?” Ora, maganão. Nunca terei. Porém eu deixo a
histeria pra fãs patetas, e me recuso assistir pelo telão a
apresentação desses caras. Sou apenas um admirador do trabalho das
bandas que eu gosto, e isso significa que por mais que eu goste do
som que alguém produz, não venderia minha alma ao diabo por uma
palheta ou baqueta jogados pra mim em um show.
“Então você quer dizer que é
melhor eu não ir?” Não! Vá sim. Principalmente se você for
marinheiro de primeira viajem e ainda possui o inocente espírito
jovem que deseja explorar the dark side of the gigs. Vá a quantos
puder, e vá percebendo padrões e vá se cansando... e seja menos
fã!