Durante algum tempo eu venho
criticando, tanto positivamente quanto negativamente de forma
horizontal o cenário do rock and roll nacional. As vezes há um show
de bestialidades e asneiras, assim como também há o nosso colírio
cotidiano. E hoje vou comentar sobre um documentário que se tornou
para mim um colírio. Não é novo, e muitos de vocês já conhecem.
Guidable: A verdadeira história dos Ratos de Porão.
Eu curto Ratos há algum tempo, mas não
tinha ouvido até então toda a discografia, muito embora eu soubesse
do peso do nome dessa galera e a importância do grupo. É como
saber que um diamante é valioso, porém nunca ter procurado olhar um
deles de perto.
Peguei pra assistir essa porrada desse
documentário e me dei conta de que na verdade eu não manjava nada
de Ratos como eu achava que manjava.
Eu não quero dar uma de crítico de
cinema e fazer uma resenha do doc, mas, para além disso, quero fazer
uma articulação com as minhas colocações de postagens anteriores
e de como algumas tendencias se repetem desde épocas distantes no
mundo do rock. E se tratando disso, não posso deixar de comentar que
a maior tendencia entre essas é a do mal entendido.
O movimento punk tem inicio no Brasil
sei lá em que época em torno do fim dos anos 70 para inicio dos
anos 80, e a única fonte onde poderiam ter acesso as informações
sobre bandas seria os jornais, que distorciam tudo que chegava de
fora, e os fanzines realizados por fã-clubes, que por sua vez eram
baseados nesses jornais. Não deu outra. Jovens como todos os jovens,
inconsequentes, mais todos esse conflito de informações da mídia,
geraram um cultura de jovens de couro, agressivos e alcoólatras. Em
meio a todo esse circo nasce os Ratos, que também possuíam as
mesmas caracteríscas. Esse foi um resumo bem rasteiro sobre a
perspectiva da época, recomendo assistirem ao doc para flagrarem
melhor e mais profundamente do que falo.
A tomada de consciência desse conflito
de informações e idéias só veio aparecer para os integrantes do
Ratos quando realizaram sua turnêr e observaram que, no berço do
punk, as coisas eram completamente diferentes. E isso me fez pensar
no tanto de fãs, babacas - qualidade de todo fã – que deveriam
passar por esse despertar e ver que no fundo suas sandices efantasias sobre algo inexistente é apenas motivo de piadas infames
para os mais experientes e desiludidos.
As pessoas simplesmente ignoram coisas
como dinheiro, bastidores, e outras influências externas que não
somente a artística e ficam cegas. Como uma torcida organizada de
time de futebol onde até homicídio é possível.
E por observações como esta que eu
recomendo ao caro amigo(a) leitor, para quem ainda não assistiu,
esse documentário foderoso. Ao longo dele você vai tomando insights
como este que tive.