terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


Pandeiro e guitarra: swing perfeito!


Choooora, guitarra! Após ácidas críticas de alguns fãs de rock, a Mocidade Independente de Padre Miguel mostrou um carnaval bem diferente do tradicional. Além de introduzir a guitarra na bateria, a escola desfilou com uma produção num estilo rock and roll carnavalesco, com alegorias e adereços característicos, a Sapucaí ficou com a cara do Rock in Rio por 80 minutos.  

Dentre todo o material utilizado, 90% não era de carnaval, o que serviu como uma solução criativa e barata. A apresentação foi composta, em sua grande parte, por objetos alternativos e sustentáveis — garrafas pet, tampinhas e canudos. Foram momentos de história, de reviver o passado do festival de um modo diferente.

A comissão de frente, criação de Jaime Arôxa — bailarino, dançarino, coreógrafo e professor de dança —, reuniu sete casais com visual retrô, bem anos 50, que dançaram e empolgaram o público do início ao fim da avenida. Uma guitarra de 20 metros anunciava que o rock estaria presente em todo o desfile. Nela, acrobatas executavam uma série de movimentos, representando as notas musicais, o momento em que a guitarra ganha vida nas mãos de um músico.

Ainda para abrir o desfile, a escola de samba trouxe Serguei, que foi uma espécie de mestre de cerimônias, representando o delírio do roqueiro. Aos 80 anos de pura irreverência, ele atravessou a Marquês de Sapucaí vestindo uma camiseta com a frase: “eu comi a Janis Joplin”.  

— Eu sou um roqueiro carioca e o desfile não ficou devendo nada ao Rock in Rio.






















Cazuza, Renato Russo, Raul Seixas, Elvis Presley, Amy Winehouse e Whitney Houston foram algumas das estrelas homenageadas no primeiro carro e dividiram espaço com um belíssimo Cadillac conversível. Uma boa recordação daqueles que já partiram e deixaram suas músicas para embalar gerações e mais gerações.



O segundo carro representava a primeira edição do festival (1985). A base dele foi toda feita de calças jeans, que foram doadas por componentes e funcionários do barracão. A drag queen Susy Brasil interpretou a cantora Nina Hagen, que participou do Rock in Rio 1. No mesmo carro, haviam vários homens prateados com um bigode inconfundível: Freddie Mercury que, junto com o Queen, fez um dos shows mais memoráveis da história do Rock in Rio, estava ali representado, diversas vezes. Também está presente o Eddie, mascote do Iron Maiden.

Logo atrás da alegoria, escudos dos principais times 
cariocas faziam parte da fantasia dos integrantes da escola. Era uma alusão à segunda vez que o Rock in Rio foi realizado, em 1991, no estádio do Maracanã, as roupas representavam a música e o futebol, grandes paixões do povo brasileiro. Destaque para o nome das alas: “Botafogo no Rock”, “Tricolor Radical”, “Boladona”, “Urubu Metaleiro” e “Almirante Pop”. No carro, os gomos pretos de uma bola de futebol ficaram em movimento, como se estivessem pulsando.

O lema do Rock in Rio, “por um mundo melhor”, ganhou destaque no quarto setor. Temas como ecologia, sustentabilidade e reciclagem foram abordados. A Mocidade não usou plumas no carnaval 2013, todo o material era reciclado. O quinto setor relembrava o Rock in Rio em Lisboa, fazendo referências aos portugueses em fantasias e alegorias. Confeccionada com 15 mil Cds doados por uma gravadora de São Paulo, a alegoria reproduziu o Monumento aos Navegantes.  

Já o sexto setor, mostrou um pouco da Espanha: Rock in Rio em Madri. Um touro roqueiro dividiu espaço com imagens tipicamente espanholas. A volta do festival ao Brasil ganhou a avenida com fantasias que retratavam o funk, hip hop, axé, música eletrônica e rock. O carnavalesco Chico Spinoza desfilou caracterizado como Elton John em um carro com um gigantesco boneco de Stevie Wonder, que atravessou a Marquês de Sapucaí "tocando" teclado. Ambos estiveram presentes na última versão do Rock in Rio em terras brasileiras, em 2011.





















Enquanto o desfile acontecia, a bateria dava um show à parte. Coreografada, ela levantou o público com sua ousadia. Em meio a paradinhas e paradonas, deu um show de harmonia e qualidade musical. Vale um destaque para as baianas, que passaram pela avenida com um visual bem rock and roll.  




















Campeã do grupo especial do carnaval carioca por cinco vezes, a Mocidade foi fundada em 1955 e, dessa vez, resolveu inovar. A ideia de falar sobre rock e juntar o estilo com o samba, pareceu de péssimo gosto para algumas pessoas, que fizeram duras críticas. Achei que a escola teve uma bela atitude, digna de aplausos e, ao ver o resultado final, fiquei surpresa com as fantasias, com a forma com que o maior festival brasileiro de música foi retratado. As diferenças desfilaram unidas, diversas tribos estavam presentes, o desfile fez jus a intenção do Rock in Rio. Não vi nenhuma palhaçada no desfile, como li em alguns comentários. Afinal de contas, é carnaval, ninguém poderia estar “sobriamente” vestido. A agremiação de Padre Miguel está de parabéns, fez bonito na avenida!

Confira mais algumas fotos do desfile:



















































Desfile na íntegra:









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