Grade que separa palco do público cedeu durante primeira música.
Programado para este domingo às 20h30, no Rio de Janeiro, o segundo show que a banda Iron Maiden faria no Brasil teve de ser adiado por motivos de segurança. Quando a banda já estava no palco e tocava a música de abertura da sua apresentação, o vocalista Bruce Dickinson, visivelmente preocupado, interrompeu a canção devido à queda da grade de proteção que separa o público do palco, na HSBC Arena, na Barra da Tijuca (Zona Oeste). A organização do evento confirmou um novo show para esta segunda-feira, às 21h, no mesmo local.
Um comunicado oficial da organização afirma que a "banda naturalmente está consternada pelos fãs que não poderão comparecer na segunda-feira e promete um grande show para os que puderem comparecer". A justificativa oficial foi "problemas técnicos com a montagem da barricada em frente ao palco". Foi informado também que os comprovantes dos ingressos deste domingo valerão para o show desta segunda. Quem não puder ir na nova data deverá solicitar reembolso a partir do dia 4 de abril. Os que compraram ingressos na bilheteria da Arena e nos demais pontos de venda deverão se dirigir à bilheteria com os comprovantes dos tickets a partir desta data. A organização informou ainda que para compras feitas através do call center e da internet o contato para solicitar o ressarcimento é o e-mail sac@livepass.com.br ou o telefone 4003-1527.
Fãs queimam camisa e bandeira do Iron Maiden em frente ao HSBC Arena |
Show interrompido na abertura
Após uma apresentação morna da banda Shadowside, com cenário composto por banners, a pista premiu lotou. Estava chegando o momento da atração principal depois de muitos enfrentarem longas filas antes de entrar na arena adaptada para o show. Logo nos primeiros acordes de "Satelite 15...The final frontier" (do disco que motiva a turnê, "The final frontier", lançado em 2010), o vocalista Bruce Dickinson pediu para o público da pista premiu recuar dois passos. "Temos um problema aqui, as pessoas podem se machucar", alertou, fazendo gestos como se empurrasse o ar com a mão e um olhar fixo na barreira que cedeu.
Apesar da plateia ter aparentemente recuado, a banda, que continuou por alguns minutos uma espécie de "loop" da base da música, parou de tocar logo depois. "Vamos parar por dez minutos para que possam consertar (a grade) e a gente volta", disse Dickinson. Após 45 minutos e algumas idas e vindas de pessoas do staff da banda, a promessa foi cumprida. Apenas o vocalista voltou ao palco, acompanhado de uma pessoa da organização para avisar que o show seria adiado.
Bruce Dickinson: "Eu sei que é uma droga"
"A nossa preocupação é para que ninguém se machuque, isso é o mais importante. Infelizmente não poderemos tocar porque a estrutura aqui da frente está comprometida, mas tocaremos amanhã, está bem?", disse Dickinson, o único respeitado pelas vaias e xingamentos dirigidos, em maioria, aos organizadores que estavam no palco. "I know it sucks (Eu sei que é uma droga)", disse o vocalista que, entre um misto de vaias e gritos de "Iron Maiden", ele pediu calma para que o público não quebrasse as dependências do local. "Se fizerem isso vão nos colocar para correr e não poderemos tocar amanhã (segunda)", completou.
Apesar do claro descontentamento com a organização do evento, os fãs deixaram o show sem partir para a violência, conforme a reportagem do iG que estava no local pode observar. No Twitter, relatos de fatos isolados, como parte do teto de um dos setores que teria sido quebrado pelos fãs mais exaltados. Depois de evacuada a HSBC Arena, alguns técnicos e pessoal da organização vistoriavam a grade avariada. As placas de metal estavam com amarras de plástico e algumas tinham partes retorcidas. A reportagem do iG ouviu uma conversa informal entre os técnicos, observando que o problema foi com parafusos que deveriam prender a base das placas ao chão. Sem esse reforço, os parafusos da parte de cima não teriam resistido, permitindo que a cerca avançasse e, por fim, cedesse.
Jovem ficou com escoriações por conta da grade que cedeu |
A saída da multidão cabisbaixa traçava um roteiro de frustração para quem veio de longe ver o Iron Maiden. Caso do estudante Vítor do Rosário, de 18 anos. Ele disse ter vindo do Espírito Santo e chegado ao local às 6h30 de domingo, antes de mostrar as escoriações pelos empurrões contra a grade que causou o adiamento do show. Segundo o jovem, as placas estavam amarradas e balançavam desde a introdução.
"Estava lá na grade mesmo. O joelho e a barriga ficaram marcados. Na introdução já estava tudo tremendo. A gente avisou aos guardas e começaram a tentar segurar, mas quando começou a 'Final frontier' não deu, todo mundo empurrou e a grade caiu. As placas estavam amarradas com algum tipo de corda, estavam bambas. Estou indo embora, sou do Espírito Santo, vim só para isso. Gastei R$ 400 com ingresso e passagem, e trouxe mais R$ 400 em dinheiro", disse o fã que, indagado se entraria na Justiça contra a organização, pareceu nem estar preocupado com isso naquele momento. "Não sei, nem sei o que fazer, só quero ir embora. Cheguei 6h30 da manhã, saí do Espírito Santo às 22h15 de sábado. Ficamos sentados ali esperando, tirando fotos, conversando. Havia 11 pessoas na frente. Seria o meu primeiro show do Iron Maiden, escuto há 12 anos. Fazer o que, a próxima eu venho".
Além dos resignados, também havia gente revoltada, e não apenas com a organização. Saulo Lima, 29 anos, de Juiz de Fora (MG), se encaixa neste perfil. "Sou médico, troquei plantão para estar aqui hoje. Levei entre 1h30, 2h para conseguir entrar. Estava lá na frente. O cara mandou a gente andar para trás, ele tinha razão porque as grades estavam amarradas com fita de plástico, não estavam soldadas. Cancelou por medida de segurança, mas se fosse realmente do metal, teria tocado. Amanhã todo mundo trabalha. Nunca mais. Estou com raiva dos dois juntos, da banda e da organização. Vou ver o show do Metallica no Rock in Rio. O metal não morre aqui, apenas o Iron Maiden está morrendo aqui agora para mim", esbravejou.
Perto dali, pai e filho também mostravam frustração. Carlos Alexandre, atuário, 40 anos, "É um absurdo isso, já vim a vários shows, fui a três do Iron Maiden, e nunca vi uma desorganização assim desde a entrada. Quando começou a gente viu que estava estranho. Amanhã (segunda) é dia de trânsito, acho que não conseguirei vir. Vou recorrer à Justiça", disse. Seu filho, João Pedro, de 12 anos, veria pela primeira vez um show da banda. O pai é fã e tenta repassar a idolatria ao garoto. "É a minha primeira vez, fiquei decepcionado, porque não pude ver o show completo. Eu ouço junto com meu pai. Foi muito desorganizado, mas com certeza ainda quero ver um show. Amanhã não dá".
Paulo de Tarso, médico de 40 anos, que acompanhava Carlos e João Pedro, também dizia que entraria com ação judicial contra os organizadores. Eles estavam no setor de cadeiras. "Foram 2h de fila, muita desorganização, ninguém sabia qual era fila, o que era, o que não era. Nunca vi nada igual. Não posso vir amanhã (segunda), vou pegar o meu dinheiro de volta e entrar na Justiça. Foi um absurdo. A sorte é que o público de heavy metal é muito ordeiro, vem para curtir o show. Se é de uma outra banda, já tinham quebrado tudo, teria morrido gente aqui dentro. Não tinha condição, na hora que começassem a tocar 'The trooper' o pessoal ia se empolgar e não teria como segurar. Nunca vi um amadorismo desse, nem em churrasco se faz desse jeito".
Fonte: Último Segundo
Fonte: Último Segundo
Na verdade o que houve foi superlotacao. Se a grade nao cedesse com certeza pessoas morreriam esmagadas contra as grades.
ResponderExcluirUm show desse porte nao pode ser feito em uma casa tao pequena.
A banda com certeza nao tem culpa, o Bruce atuou muito bem ao vislumbrar o Desastre.
Bruce Sickson é o verdadeiro heroi dessa historia e teve os culhoes para cancelar o Show.
Consfusoes em shows tem sido recorentes no Brasil. Na apoteoso o Show do Kiss acabou bem antes devido a uma explosao no teto.
Temos vistos varios palcos pelo Brasil afora desmoronando.
Ja temos poucos show, assim teremos cada vez menos shows, infelizmente.
sem ofensa, mas quem culpa a banda por isso é um ato no mínimo imbecil...
ResponderExcluirfora que é só ser por no lugar de quem tava na grade: Você ia querer morrer ou viver?
Deu Pena de quem foi assistir,mas foi feito o que tinha que ser feito,adiar.
ResponderExcluirPost divulgado na Teia .
Até mais amigo.
Pra mim a banda teve a sua parcela de culpa sim. Se são tão profissionais como dizem ser, deveriam ter vistoriado as condições de segurança bem antes do show começar, e tomado as medidas necessárias antes, ou pelo menos ter se recusado a fazer o show bem antes. Afinal de contas, os caras não tão começando agora e devem saber a importância de uma barreira de palco bem montada e resistente. Organização nota zero, HSBC Arena um lixo, e agora o Maiden caiu no meu conceito também.
ResponderExcluirAcabei não voltando para ver o show na segunda, por motivos de trabalho, e amanhã estarei entrando com um processo no juizado especial. Vou ver se crio um blog para relatar todos os procedimentos que tive que fazer para abrir o processo, no intuito de motivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Vamos brigar pelos nossos direitos para que essas empresas vagabundas e sem vergonha não fiquem repetindo esses absurdos várias e várias vezes. Um abraço.
@Alberto
ResponderExcluirNão é obrigação da banda fazer essa vistoria. Eles são pagos para entrar no palco e tocar as músicas deles. Estrutura do evento, segurança, venda de ingresso e outros são de responsabilidade total da empresa que traz o show (aqui em SP, por exemplo, a Time for Fun). Se a banda tivesse que se preocupar com isso não sobraria tempo pra música, porque é muita coisa envolvida.