terça-feira, 2 de julho de 2013



Estilos, geralmente, vêm acompanhados por símbolos, marcas, enfim, por alguma identidade e algo que faça com que eles sejam facilmente diferenciados. O famoso gesto feito com as mãos — os “chifres do rock” — têm suas origens nas religiões orientais, tais como o budismo e o hinduísmo, e foi muito usado para afugentar demônios e eliminar obstáculos do caminho.


Sua popularidade se deve a Ronnie James Dio, que imortalizou a “mão chifrada” no cimento da Calçada da Fama do Rock. Quando substituiu Ozzy Osbourne no Black Sabbath, em 1979, o músico começou a fazer o gesto em shows. Ozzy levantava os braços e simbolizava um “V” com os dedos. Diferentemente, Dio queria ter um sinal com o qual se identificasse com os fãs, então adotou um que foi muito utilizado por sua avó italiana, que acreditava que era capaz de afastar o mau olhado.  



No universo musical, foi rotulado como “símbolo do rock” e, primeiramente, utilizado pelos Beatles, na capa do álbum “Yellow Submarine”. O gesto, que é utilizado mundo afora por músicos que vão do quarteto de Liverpool a Marilyn Manson e seus respectivos fãs, é atribuído a questões demoníacas e malignas, porém, seu verdadeiro significado diverge dessas atribuições.  


O sinal dos chifres (“the devil's homs”) alcançou um nível de popularidade tão elevado que passou a ser usado também por políticos e esportistas. A banda Coven também fez o gesto no verso da capa de Witchcraft Destoys Minds & Reaps Souls, de 1969. A “mão chifrada” também aparece no “Love Gun”, do Kiss, de 1977.

Assim como muitos outros fatores, devemos considerar a cultura de quem o interpreta. Os significados são múltiplos. Certo dia, a colunista da Comissão que vos escreve estava passeando pelo fantástico mundo da internet e descobriu que faz feitiçarias e louva um tal de Morlock, ao fazer tal gesto com as mãos. Pelo menos é o que diz o rapaz do vídeo.


Seria Morlock? Ou Malocchio seria o correto? Fico com a segunda opção, já que vem do italiano e significa “mau olho”, ou o “mau olhado”, aportuguesando a expressão. Em suma, voltamos ao início do post, que diz que é um sinal para afastar maus espíritos, inveja e mau olhado, como o Dio o usava. Com as próprias palavras do músico:




 “I was in Sabbath at the time. It was a symbol that I thought was reflective of what that band was supposed to be all about. It's not the devil's sign like we're here with the devil. It's an Italian thing I got from my grandmother called the “Malocchio”. It's to ward off the Evil Eye or to give the Evil Eye, depending on which way you do it. It's just a symbol but it had magical incantations and attitudes to it and I felt worked very well with Sabbath. So I became very noted for it and then everybody else started to pick up on it and away it went. But I would never say I take credit for being the first to do it. I say because I did it so much that it became the symbol of rock and roll of some kind” — Ronnie James Dio






Então, você, leitor do blog, se pergunta quem seria esse “Morlock”. Os Morlocks são personagens criados por H. G. Wells, escritor britânico, para o livro “A Máquina do Tempo”. Na história, são seres humanoides que vivem em subterrâneos dos anos 8.028. Eles descenderam de seres humanos que se abrigaram no subterrâneo no período pós guerra nuclear que devastou o mundo. Ao longo de mais de 800 mil anos de evolução, esses humanos deram origem à uma nova espécie: os Morlocks. Essas criaturas são pálidas devido à falta de melanina, sensíveis à luz solar e quase cegos, se alimentam de Elois, outra raça derivada dos humanos que ficaram na superfície.

Ou seria apenas um sinal para soltar a teia?  


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