Antes de mais nada, devo me apresentar.
Meu nome é Damien Willis, sou um dos Administradores do blog Ignes Elevanium e além de resenhas e downloads, atualmente mantenho contato com algumas bandas.
Meu estilo? Bom, não sou eclético, mas meu gosto musical varia numa escala quilometral e exigente. Como tenho uma admiração que vai desde o Choro ("Chorinho" é depreciativo para alguns amantes do gênero) até o Black Metal, fica claro que eu ouço muita coisa, então dispenso intolerância.
Mas então, estava pensando numa maneira de começar o trabalho aqui no Comissão do Rock até que decidi postar um dos meus trabalhos favoritos de toda a cena nacional. Primeiro usaremos a biografia feita e disponibilizada pela banda e depois se segue meu comentário.
Biografia:
A Mors acaba de lançar sua nova demo, Reversão. A demo foi gravada nos home studios de Jorge van der Linden e Rafael Cadena, além do estúdio Caçuá de Lembranças, de Gustavo Lopes, notável pianista recifense que já fez trilhas para o espetáculo Paixão de Cristo de PE.
Atualmente a Mors conta com:
Hugo Rioli - compositor de todas as letras e músicas da banda, exceto as letras de Saudade, por Léo Mito, e Amargo, por Magno Lima. Toca com violões de aço e nylon, e cuida das linhas vocais do grupo. Já cantou no Vectrus e na Perinnium ( Ao vivo na Concha Acústica da UFPE e mais outros videos de ensaio)Já fez trilhas sonoras para espetáculos teatrais como “Marémundo” e “Uma sorte que se atravesse nas palavras”. Participou como vocalista do projeto Death Metal Tribute (que contava também com os atuais integrantes da Cangaço e Jorge van der Linden) no Recife Cover Night de 2009. Também atua no mercado musical como produtor de shows, tendo como marcas nessa área o Circuito Alternativo de Música e o Solar de Domingo.
Jorge van der Linden - músico de extrema versatilidade, é estudante do curso de música da UFPE e trabalha na área compondo trilhas sonoras para jogos infantis, já tendo feito intercâmbio no EUA pelo curso. Ex-integrante do Moria, traz em seus arranjos de guitarra várias influências como Alice in Chains e Dream Theater.
Rafael Cadena - integrante de uma das bandas mais promissoras do estado de PE, a Cangaço, que tocou no mês de agosto/2010 no Wacken, um dos maiores festivais de metal do planeta. Músico técnico e preciso, utiliza neste projeto sua vasta gama de influências musicais contribuindo com arranjos que agradam até o ouvinte mais rigoroso. Também tocou no Vectrus antes da Cangaço e da Mors.
Magno Lima - este que integra parte da cozinha da Mors, também integrante da Cangaço, toca bem de tudo e mais um pouco. Os estilos das outras bandas em que toca são forró (Seu Januário), blues (Bluestamontes), samba/rock (Seu Fulô), death melódico (Inner Demons Rise), metal melódico (Silent Moon), dentre outros... mas o que ele gosta mesmo é do e velho metal/rock bem composto, gosto esse bem visto em seu trabalho com a Cangaço. Foi um dos fundadores do Vectrus, que contou com Hugo Rioli e Rafa Cadena.
Ivo Lage - com ele, completa-se a cozinha. A carta debaixo da manga da Mors é este cidadão que estuda música na UFPE, está se especializando em percussões afro, e toca também em bandas "culturais" como Ojira (etnofusão musical/afro), Libertária (reggae), Manuca (mpb/rock), Alaíde Negão (olinda style). Está finalmente fazendo o que gosta, decendo a mão na batera de forma técnica e autêntica, tendo papel fundamental na solidificação da proposta da banda.
Proposta essa que é unir os principais elementos de todos os tipos de metal com a música brasileira, deixando ainda transparecer influências no post-rock do Mogwai, GodSpeed You! Black Emperor, Sigur Rós, o elemento progressivo do King Crimson, Anglagard, Morte Macabre e Anekdoten. Minha opinião sobre o nosso som é algo entre Paulinho Moska e Pain of Salvation, que admiro há anos.
Comentário:
Visão geral, ou alucinação total:
A razão "Mór" (nossa, que "maravilha" de trocadilho) de eu ter adorado esta banda não consiste somente na sua coragem e disposição em unir dois de meus gêneros musicais favoritos e, "quimicamente" pouco compatíveis ao olhar popular. Mas sim na forma como uniram, um resultado extremamente homogêneo e atraente.
Sou um admirador destas misturas — quando não ficam forçadas — e ao mesmo tempo um incentivador. E neste caso eu achei explendido. A MPB já é uma mistura, e das grandes. Uma união gigantesca de culturas, idéias, sonoridades e sentimentos. Unindo-a ao Rock você extrapola os sentidos, o que pode vir a ter um resultado realmente ruim se não trabalhada de forma "correta". Não é como Jazz tradicional com Rock, é algo mais mítico.
Mors pode se tornar uma significativa representante deste tipo de som, visto que além da sonoridade, ela é mais que compatível por ser uma banda de Recife, terra de grandes músicos excêntricos.
Mors pode se tornar uma significativa representante deste tipo de som, visto que além da sonoridade, ela é mais que compatível por ser uma banda de Recife, terra de grandes músicos excêntricos.
Enfim, algo que vá de "Paulinho Moska e Pain of Salvation" merece uma atenção redobrada.
PS: Antes de irmos para a próxima parte, um destaque. Pelo que notaram, a banda possui dois membros da banda Cangaço, banda esta ganhadora do Wacken Metal Battle Brasil 2010. Seque AQUI uma entrevista que fiz com a vencedora.
Sob/Sobre a demo:
A princípio você ouve algo que não esperava, é quase que um choque que imediatamente é amenizado pelo agradável som a ser produzido, pois a bateria está construindo uma trilha feita de um samba bem leve, com passos um tanto largos e ao mesmo tempo mantendo um nível de comportamento — quando se pensa em samba, logo vêm à cabeça um ritmo alegre e espontâneo, até um sinônimo de bagunça e malandragem. Mas não, vemos algo mais bossal, no sentido de Bossa Nova mesmo. Melancólico.
Reversão, primeira Demo do MORS |
Com esta pigmentação de swing à iniciar à faixa, as guitarras e o baixo começam a caminhar lentamente, e mais tarde o vocal entra. Logo temos algo bem Rock, com o Heavy Metal participando da brincadeira mais tarde.
Essa é a fórmula básica que fará parte das demais faixas. Claro que cada uma com suas desenvolturas próprias e uma reformulação dos elementos, mas o som que daqui saiu poderá ser comparado com o restante.
O contrabaixo pede licença a todo instante e até rouba a cena em vários momentos. Conduzido por Magno Lima, ele quer chamar a sua atenção... e consegue. E não somente consegue como tem de chamar. A sua base é cheia de swing e você reconhece a banda por ele — quando o vocal não está em ação.
Na minha opinião, ele é o ponto que mais fortalece a idéia sonora do grupo. Não que seja o "mais importante" ou quaisquer ladainhas destas, mas é o personagem que passa mel na boca dos ouvintes.
Reversão é um CD marcado também pelo vocal de Hugo Rioli (Vocalista e letrista da maioria das conções) cantado em bom português e com uma interpretação altamente favorável para o tipo de som que propuseram a fazer. É um vocal com pegada metalística, mas fazendo uma interpretação visto na Bossa/MPB e em bandas de prog rock/metal atuais. Uma voz limpa trêmula que do nada dá um salto para um gutural estrondoso — gutural que aparece apenas em um trecho.
Mas com todo esse papo de regionalismo, fica parecendo que todas as faixas são assim. Não, algumas se mantém no rock/ hardrock sem deixar tão óbvio suas influências MPBísticas, mas as influências estão lá. A atmosfera sim é a mesma, melancólica, sofrível e com um toque prog.
Enfim, grande abraço ao pessoal do Mors, principalmente e indiscriminavelmente ao Hugo Rioli, que têm divulgado o Ignes Elevanium e nos apoiado fortemente.
Não encontrei um vídeo legal, então fiquem com esta gravação de áudio jogada em cima de alguns slides e vídeos aleatórios.
Não encontrei um vídeo legal, então fiquem com esta gravação de áudio jogada em cima de alguns slides e vídeos aleatórios.
Contatos:
55 81 8794 8887
55 81 8835 2469
Tracklist:
Amargo
Lágrimas Não Curam Tristezas
Partiu de Mim
Saudade
Ao Menos Despedir
Reversão
Parabéns Damien! Durante esses 10 meses e alguns dias de existência da Comissão do Rock, jamais tivemos um post tão completo, com uma escrita impecável e com uma banda nacional com um ritmo tão complexo e variável! Agradeço pela colaboração e pelo investimento na Comissão do Rock. Continue assim, você tem talento!
ResponderExcluirAbraços
|O|
ResponderExcluirValeu demais o apoio! =D
Tem um vídeo de uma música da primeira demo que não entrou no EP, Inspiração Atemporal:
http://www.youtube.com/watch?v=1u7v2hclBI4
Valeeeeu! \o/