Ecos do psicodelismo

Na matéria de hoje teremos uma reprodução de uma matéria que foi veiculada no jornal Gama Folha, da Universidade Gama Filho, cuja autora é minha colega de curso. Aqui na Comissão não costumamos publicar notícias de outras mídias, mas abrimos uma exceção para divulgar esse ótimo trabalho.

  Gênero surgido nos anos 1960, reaparece nos filmes "Alice no país das maravilhas" de Tim Burton, e "Um homem sério", dos irmãos Cohen

Um gato que evapora, animais que falam, um coelho de paletó, uma rainha branca, uma rainha de copas, seu valete e um chapeleiro louco são figuras que fazem parte do imaginário de Alice, personagem principal do filme "Alice no país das maravilhas", adaptado para o cinema, pelo diretor Tim Burton, inspirado nos livros "Alice no país das maravilhas" e "Alice através do espelho", do escritor britânico Lewis Carroll. Os personagens  dão um tom de psicodelismo a ele, aliados a um visual colorido e um enredo repleto de fantasias que mais parecem alucinações da jovem. Algo parecido pode ser visto em "Um homem sério", última comédia dos irmãos Cohen, cuja trilha sonora contém composições da banda norte-americana Jefferson Airplane, uma das pioneiras da música psicodélica, que gravou nos anos 1960, a música "White Rabbit", baseada nas obras de Carroll. A canção aliás, está na trilha do filme de Burton, mas interpretada pelo grupo Grace Potter and the Nocturnals.

Jefferson Airplane

O psicodelismo surgiu em meados dos anos 1960, quando o uso de LSD se disseminou. Nas artes, o gênero era expressado em quadros e cenários distorcidos imitando alucinações; na moda, na mistura de tons vivos e brilhantes, e na música, em longos solos de guitarra, misturados a instrumentos como a cítara indiana, letras excêntricas e efeitos sonoros.  Um dos clássicos do rock psicodélico é o álbum "The Dark side of the moon", do Pink Floyd. Os Beatles também tiveram sua fase psicodélica entre 1966 e 1967, cuja música "Lucy in the Sky with Diamonds" fazia uma possível alusão às iniciais de LSD.

The Dark Side Of The Moon

 Lucy In The Sky With Diamonds

As bandas The Beatniks e The Galaxies foram as pioneiras do rock psicodélico no Brasil. Mais tarde, surgiram Os Mutantes, O Terço e o Módulo 1000. Um dos marcos do psicodelismo tupiniquim foi o show Aberto para obras, ocorrido no Rio em 1971. Nele o Módulo 1000 tocava na parte de baixo do palco, e O Terço, na de cima. Ao lado, uma mulher fazia pipoca e um homem ficava sentado em um vaso sanitário segurando um violão, que era quebrado no final do espetáculo, Misturado à plateia, havia pintores, gente fazendo expressão corporal, manequins e uma cerca de arame farpado separando a banda das pessoas.


           The Beatniks                                                                                   The Galaxies                                                            

                        

                                                                             

     
               Os Mutantes                                                        O Terço


  


                  Módulo 1000                                                                      


- Foi um show de contestação - conta Daniel Romani, guitarrista do Módulo 1000 - Essas situações eram os happenings, hoje chamado de flash mob. Tem muito em São Paulo. Apesar do declínio do gênero, no final dos anos 1970, ecos do psicodelismo podem ser ouvidos em algumas composições de bandas como Oasis, Muse e Radiohead.

                  
Oasis   

              

                                                                 Muse                                                                  

Radiohead

- O Rock psicodélico está presente como herança cultural, mas a magnitude não existe mais - diz Daniel - Aquilo que tem substância permanece. Por isso o rock psicodélico ainda ecoa nos dias de hoje.

São Francisco, na Califórnia, foi o berço da arte psicodélica, que aparecia em quadros, na iluminação de shows, em pôsteres e capas de discos. Com efeitos tridimensionais e contrastes entre as cores brilhantes, as imagens também continham críticas à política norte-americana, em especial à Guerra do Vietnã.


Fonte: Gama Folha - Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da UGF

Autora: Larissa Siqueira. 

Observações finais: 
É importante ressaltar também, que a matéria foi publicada no jornal, na época do lançamento do filme "Alice no país das Maravilhas", o que explica o enfoque inicial.