sábado, 12 de janeiro de 2013


Bom galera, resolvi escrever mais um post de análise de álbum, que dessa vez é um baita álbum, com uma história fantástica. Procurei em diversos sites, vi alguns vídeos da produção do álbum e reuni alguns materiais  interessantes para expor aqui para vocês. Se vocês gostam de Angra e ainda não conhecem a história do álbum Temple of Shadows, vão se apaixonar ainda mais pela banda e pelo álbum.

AVISO: Eu, particulamente não gosto muito de usar o Wikipedia por achar que não é muito confiável. Entretanto, ao dar uma olhada, achei a história resumida, e algumas informações importantes, mas eu prometo que o próximo post vou tentar não usar.


Composição da banda:

Edu Falaschi – Vocal
Kiko Loureiro – Guitarra
Rafael Bittencourt – Guitarra
Felipe Andreoli – Baixo
Aquiles Priester – Bateria


Introdução

Segundo a Whiplash, "Este álbum descreve – em poucas palavras – a saga de um Cavaleiro Cruzado conhecido como O Caçador da Sombra, que se une ao exército do Papa no fim do século XI. Durante sua saga, sua mente é muitas vezes desorientada pelo antagonismo da Guerra Santa e afligida por visões que conflitam com sua devoção à Igreja".

Deus Le Volt!
O disco começa com uma introdução instrumental de 0:52'. "Deus Le Volt" vem do latim, que significa "Deus quer assim". "Deus Le Volt" são "palavras proferidas pelo papa Urbano II em 1095, durante o Concílio de Clermont, ao justificar a convocação das Cruzadas para reconquistar Jerusalém das mãos dos 'infiéis' (muçulmanos)" (WHIPLASH, 2005)

Spread Your Fire
Nessa faixa, o templário, em seguida chamado de The Shadow Hunter (O Caçador das Sombras), encontra um rabino, que lhe entrega um livro de páginas em branco, e grita avidamente "Espalhe seu Fogo!", "Queime os Templos!" (WHIPLASH, 2010). Em 4:25' de Spread your Fire, há um ritmo pesado, com rápidos compassos e um refrão ressoante e lírico. Juntamente com Edu, Sabine Edelsbacher (vocalista austríaca da banda de metal sinfônico "Edenbridge") provê seus cantos gregorianos na backing vocal (WIKIPEDIA)

Angels and Demons
Na faixa, Anjos e Demônios, Rafael Bittencurt conta que a Igreja soube dos rumores de que o templário está tentando se tornar um novo Jesus. Por isso, ele será caçado, torturado, aprisionado e julgado e condenado à morte. Além disso, o ousado templário possui muitos seguidores, o que pôde estar relacionado ao medo da Igreja de perder sua hegemonia. Na frente dos cardeais, o réu modestamente explica como os Anjos e Demônios (Angels And Demons) se disfarçam entre si, então ele pronuncia sua famosa Teoria da Luz, baseada no perdão de Satã, a ausência de Deus, o Amor Ateu e a Gnose. "Nenhuma verdade absoluta pode existir numa mente consciente, porque cada pensamento é submetido a um julgamento individual e arbitrário" (WHIPLASH, 2010).

Waiting Silence
Particularmente, uma das minhas canções favoritas do álbum, "Silêncio de Espera" vem com uma introdução harmônica e interessante. Nessa faixa, o homem se apaixona por uma jovem muçulmana. Ele escreve em seu livro seus sonhos e revelações, enquanto seus dois filhos crescem. Entretanto, ele sente que ainda não o está completo. Poderia ele desvendar sua escrita para a multidão? Ela se importaria? (WHIPLASH, 2010)

Wishing Well
Uma faixa completamente diferente das anteriores, "Fonte dos desejos" liberta uma harmonia lírica e melódica, com Edu Falaschi no violão, "O Rabino louco continua aparecendo em seus sonhos. "Não faz diferença se você jogar suas moedas na Fonte dos Desejos (Wishing Well), ou fizer suas preces dentro de uma maravilhosa igreja cheia de ouro. Tudo o que importa é a fé dentro de você. Se há um Deus, Ele não tem lar, Ele está em todo lugar!" (WHIPLASH, 2010)

The Temple of Hate
Uma mudança brusca nas guitarras, em relação a música anterior, "O templo do ódio" é composto por guitarras agressivas e agudas. Uma das músicas mais difíceis do álbum de se tocar na guitarra, ela conta a história de 1099, em Jerusalém, onde aconteceu uma invasão do exército da Santa Igreja Romana, que aniquilou cada habitante. A esposa e os dois filhos do nosso protagonista morrem nessa invasão. "O Reino de Jerusalém foi fundado sob os fanáticos, intolerantes e ignorantes ideais do Templo do Ódio (The Temple Of Hate), contra a vontade daqueles que viviam na Terra Santa antes de sua invasão" (WHIPLASH, 2010).

The Shadow Hunter
Bittencurt destruiu na introdução, com um dedilhado frenético e técnico. Ainda tento fazer essa introdução no violão até hoje. Uma das músicas mais aclamadas pelo público, "O caçador das sombras" encontra-se em um taverna, onde acompanha uma prostituta cigana, que ao invés de lhe dar prazer, lê as cartas. "As palavras do velho homem não terão sentido algum até que você encontre a estrela da manhã", diz a prostituta. O Caçador da Sombra (The Shadow Hunter) é ferido e tem de correr para escapar das tropas de Kilij Arslan. Perdendo sangue, ele entra em colapso antes de voltar a Constantinopla (WHIPLASH, 2010)

No Pain For The Dead
Acalmando os nervos agora, uma música calma e com um refrão simplesmente lindo. Nessa faixa, temos uma vez mais a participação da belíssima Sabine, que faz um solo no meio da música. Nessa faixa, enquanto ele está enterrando sua esposa e filhos, o viúvo sabe que vai ter de carregar toda aquela dor pelo resto de sua vida. Enquanto ele encara a face pálida do filho no caixão, ele entende quão sublime é estar livre dos vãos sentimentos mortais. Assim, não haverá mais dor para os mortos (No Pain For The Dead) (WHIPLASH, 2010).

Winds of Destination
Demorei um pouco para gostar da música, mas no fundo ela é boa. Dessa vez, dois nobres da Europa e sete Cavaleiros Cruzados foram nomeados para guardar as ruínas do Templo de Salomão e para proteger os cristãos que vinham visitar os locais sagrados. E, citando uma frase interessante que achei: "Aos olhos de Deus, toda manifestação de vida é a mesma. Não há caminho especial preparado para nós. Um ser humano não vale mais que um redemoinho carregando folhas caídas. Estamos todos sendo guiados pelos mesmos Ventos do Destino" (WHIPLASH, 2010)

Sprouts of Time
Linda. Uma mistura de ritmos e estilos, "Frutos do Tempo" me conquistou de primeira. Talvez seja esse lado melódico mixado com outros estilos completamente diferentes. Aplausos também para o solo de violão dessa música, que foi sensacional. O Caçador da Sombra começa uma nova religião, reunindo pessoas ao seu redor para espalhar a verdade por ele revelada. Palavras de paz e amor foram semeadas no coração dos sábios, mas caíram sem dar frutos no solo rochoso do coração dos cegos (WHIPLASH, 2010).

Morning Star
Quando ele acorda, dois homens Muçulmanos o estão carregando num tipo de rede balançando num longo pedaço de madeira. Fraco e assustado ele não consegue reagir. Bem acima de sua cabeça, onde o sol está amanhecendo, a Estrela da Manhã (Morning Star) brilha no céu do novo dia. A estrela de seis pontas apresenta uma cruz e um tridente juntos como um só. Ele entende o primeiro sinal ao ouvir o uivo dos lobos. Naquele exato momento, a primeira profecia é cumprida. Ele descobrirá mais tarde que os dois homens são irmãos. Eles decidiram carregar o homem até sua casa quando o viram deitado e manchado de sangue no chão... Na casa da família Muçulmana, sua adorável irmã Laura vai cuidar dos ferimentos do cruzado (WHIPLASH,2010).

Late Redemption
Com uma participação mais que especial de um ícone do cenário musical brasileiro, Milton Nascimento faz um dueto com Edu Falaschi nessa maravilhosa canção. Durante os últimos momentos da vida deste cruzado, ele ainda está questionando: "Eu estava certo? Eu estava errado?" Lembranças e pensamentos giram em sua mente. O prisioneiro está sendo visitado por anjos. Ou são demônios? Quem sabe? Como pode o mais puro coração julgar o mal? O Anjo da Morte estende os braços e oferece um confortável silêncio eterno. O Caçador da Sombra entrega seu corpo e sua alma, certo de sua Redenção Tardia (Late Redemption) (WHIPLASH, 2010).

Gate XIII
Um instrumental, como última faixa, que faz um apanhado geral de todas as músicas do álbum. Vida consumindo vidas para continuar vivendo. Acaba para um, continua para todos. A cobra come sua cauda. O ciclo reinicia... (WHIPLASH, 2010)

COMENTÁRIOS GERAIS: Então pessoal, estou ouvindo esse CD há um tempo, e nunca tinha parado para ver as letras, ouvir as histórias sobre elas, e no geral, a história do álbum em si. Curtia bastante as melodias, os riffs, e tudo o mais. Até que, me veio na mente e a curiosidade de procurar a saber um pouco mais. Gostei do que encontrei, e decidi fazer um post sobre o álbum. Quem é fã de Angra, assim como eu, se apaixonou ainda mais pelo álbum e pela banda quando leu a história por trás desse sucesso. Não há uma música ruim, para mim, nesse álbum, e sim, músicas mais bem trabalhadas e mais bem elaboradas em relação às outras. Entretanto, não fica aqui desmerecido algumas músicas em detrimento de outras. Um excelente álbum.

Entrevista
No dia 15/04/2004 foi publicado no site Rock Online, com extensão do Terra.com e domínio de territoriodamusica.com, uma entrevista com a banda, após o último ensaio da turnê do álbum "The Temple of Shadows". Selecionei algumas partes interessantes, veja a seguir.

“Temple Of Shadows” é um álbum conceitual e envolve temas religiosos. De onde veio essa idéia e qual a ligação dessa história, que se passa no século XI, com o mundo atual?

Rafael Bittencourt: Isso, a história é a de um cruzador do século XI. A analogia é com o fanatismo religioso e pretextos religiosos pra guerras políticas e comerciais, como acontece com o Iraque, a força do petróleo que se mistura com questões religiosas e tal.


E por que você resolveu falar desse assunto?


Rafael Bittencourt:
 Primeiro de tudo, o conceito musical do disco “Temple Of Shadows” nasceu antes das letras. E como as músicas são emocionantes, complexas e envolveram a banda toda, e eu queria um assunto que estivesse à altura. Foi um pouco por causa disso e também porque eu tenho envolvimento com esse tipo de assunto há muito tempo, eu gosto, é natural pra mim.


E como foi trabalhar com artistas tão distintos como o próprio Milton Nascimento, que é um ícone da MPB, e com Kai Hansen (ex-Helloween, Gamma Ray) e Hansi Kürsh (Blind Guardian), que são ícones do Heavy Metal?


Rafael Bittencourt: Foi bem legal. A gente quis mostrar os contrastes mesmo nesse CD, ir aos extremos. Por isso que ele é tão sofisticado. Por exemplo, nas partes mais pesadas, buscamos influências de Death Metal e tal. Já em outros momentos, a sonoridade é realmente bem brasileira. E essas influências verdadeiras, estão incorporadas no nosso estilo, não fazemos isso para agradar as pessoas.


Veja a entrevista na íntegra: Link



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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